6 meses de amamentação exclusiva

No dia que a Alice completa 6 meses de vida, eu comemoro uma vitória sobre o mundo moderno: a amamentação exclusiva.
Não foi fácil, mas minha principal aliada foi a certeza de que é possível não ceder às facilidades. Há 6 meses a Alice se nutre do leite produzido pela mãe dela, especialmente feito pras necessidades DELA.
Vou contar um pouquinho das dificuldades iniciais. Ela nasceu de 35 semanas e ainda nã dominava o reflexo de sugar, então aquela imagem que eu tinha que o bebê ia nascer e já mamar foi por água abaixo. Eu tinha muita curiosidade em saber como era a sensação do bebê mamando, mas ela punha a boquinha e não fazia nada. Na verdade nem conseguia abocanhar direito. Como eu ainda estava um pouco tonta do parto, não sei ao certo a que horas ela foi alimentada. Fiquei arrasada pela Alice já tomar NAN no primeiro dia de vida. O Dr. Douglas ensinou os exercícios pra fazer na linguinha dela para que ela desenvolvesse o reflexo.
A partir do momento que fomos pro quarto, a batalha teve início. Era dia e noite tentando colocar o peito na boquinha da Alice e tentando fazer co que ela sugasse. Mas estava muito difícil, ela dava uma, duas sugadas e largava. Chorava ela de fome e irritação, chorava eu, de medo, dor, tristeza. Cada mamada era a hora do espanto! A enfermeira do meu lado me ajudando e eu olhando praquele copo de NAN como se fosse um inimigo a ser batido.
A partir do segundo dia, passei a tirar leite na bomba da UTI. Eram 24 horas de estímulo e meu mamilo já estava em carne viva. Mas pelo menos o complemento artificial foi posto de lado e agora ela LM no copinho.
Mas a Alice ainda perdia mutio peso e estávamos sempre de lho na hipoglicemia, que chegou a ficar em níveis preocupantes. Ela chegou a pesar menos de 1,850kg.
Eu lembro o dia que ela mamou mais de 10 minutos seguidos. A enfermeira a tinha posicionado na "invertida" e a cada minuto que via passar, sentia que o pesadelo estava próximo de acabar.
Realmente as coisas ficaram bem mais tranquilas e a gente pode ir embora depois de 6 dias de maternidade (eca!).
Em casa, meu peito doía MUITO! Cada vez que ela acordava pra mamar e vinha com aquela boquinha, eu falava: Lá vem a boca assassina!
Na hora que começava a mamar eu via estrelas e colocava um pano na boca pra morder de dor. O pior eram os dias que ela resolvia ficar 5, 6 horas no meu peito. Eu chorava de dor, chorava de sono.
Isso tudo somado aos palpiteiros de plantão: Dá uma chupeta, dá mamadeira, pra que sofrer??? Quando ela começa a comer?? Você tem que dar outras coisas pra ficar mais livre dela!
Ai, é cada uma!
Com uns 2 meses a dor passou e tudo ficou bem mais natural.
Parei de ficar preocupada se ela vai "viciar no peito", como os palpiteiros gostam de falar, e passei a deixar as coisas tomarem seu rumo natural. Deu certo e hoje ela tem peso normal, dorme a noite toda super bem e nós somos muito tranquilas, ninguém mais chora.
Aprendi que amamentar é uma ato de amor e coragem. A mulher precisa de força de vontade para não ceder. Nem toda mulher é a fim de doar mais da metade do seu dia para construir uma boa amamentação. Muito pelo contrário, o que eu mais vejo é mulher querendo se livrar do bebê cada vez mais cedo pra voltar logo à vida como era antes. É preciso coragem para ouvir seu filho chorar de fome num lugar público e enfrentar os olhares desaprovadores.
O que posso dizer é que vencemos! E nosso prêmio é uma vida mais saudável e com mais amor.

Feliz dia de mesaniversário, Alice!